quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Soluções contemporâneas para o cumprimento da Missão

CUMPRE A MISSÃO DE PREGAR O EVANGELHO
Soluções contemporâneas para o cumprimento da Missão
Evangelista Sebastião Gois
COMEAD-CGPB
Missionário em Trujillo, Peru.

INTRODUÇÃO
Vivemos num mundo da geração 4G (tecnologia celular). Uma geração conectada 24 horas. Uma geração virtual (O Dicionário de Etimologia Online informa que virtual na computação é o sentido de "fisicamente não existente, mas simulado por software"). A geração da comunicação virtual, da amizade virtual, do namoro virtual, do aconselhamento virtual, da educação virtual, etc.
Saímos do mundo real para um mundo criado pelos homens, o mundo virtual. Esse mundo é mais uma forma do homem dizer para Deus, eu posso fazer melhor.
Esta geração é a geração da velocidade da informação. Ganha destaque e sai na frente quem dá primeiro a notícia, assim é possível ver acontecimentos reais online e para isso são investidos milhões de dólares para que logre esses resultados. A ciência esta se multiplicando e confirmando as profecias bíblicas de Daniel 12.4.
O tempo nessa geração é quase um inimigo para a execução dos projetos humanos, escutamos a uma só voz “não tenho tempo”. Aumentamos a velocidade da informação; Aumentamos a velocidade da produção alimentícia em geral (grãos, aves, gados, etc.); Aumentamos a velocidade da comunicação e tudo isso para ganharmos tempo, porém o que escutamos é “não temos tempo”.
O que gera tudo isso? Uma sociedade melhor? Não! Relações interpessoais melhores? Não! Mais amor nas pessoas? Não!
O que vemos é uma geração egoísta, individualista, separatista. Esse mundo virtual criado pelos homens provocou o aumento do egocentrismo em detrimento do amor fraternal, 2 Timóteo 3.1-6.
A igreja não ficou de fora dessa mudança comportamental da humanidade. Não necessitamos discorrer toda a trajetória da igreja para entender que ela foi afetada pela mudança socioeconômica do nosso mundo. Cada dia, cumprir a grande comissão do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo está cada vez mais difícil. Mas Deus continua procurando os fieis da terra para servi-lo e adorá-lo em espírito e verdade (Salmos 101.6; João 4.23).
Apresentamos um breve relato da problemática da missiologia contemporânea para que a igreja de Cristo possa analisar. Apresentamos algumas soluções que mantenham a linha central da ordem de nosso Senhor Jesus Cristo que é “Ide por todo mundo e pregue o evangelho a toda criatura. Marcos 16.15”.



PROBLEMÁTICA DA MISSIOLOGIA CONTEMPORANEA

O Brasil vive um despertar de Deus para a obra missionária desde o início da década de 90 e dentro da nossa Assembleia de Deus esse tempo foi marcado pela década da colheita implantada em todo o país gerando um grande número de salvos. Com esse despertar, Deus começou a mudar a realidade da igreja, mudando a realidade econômica da nação. Vimos o dólar cair, a inflação desaparecer, o país crescer, de maneira que as igrejas foram fortalecidas para fazer o que sempre desejaram fazer, missões transculturais. Com o crescimento numérico de novos membros, aumentou também os números de problemas das igrejas. Isso também aconteceu na igreja primitiva, enquanto se reuniam somente os, aproximadamente, 120 discípulos (Atos 1.15) não havia problema, todos compartilhavam as mesmas coisas, tudo era comum a todos. No entanto, quando Pedro pregou o evangelho e mais de 3000 almas aceitaram a Cristo e o numero foi crescendo cada vez mais, começou a surgir os primeiros problemas eclesiásticos (Atos 6.1).
A igreja de Atos não estava preparada para um crescimento tão repentino, mas Deus é o dono da obra. Deu sabedoria a Pedro e começou a formação de líderes para a distribuição das atividades.
Devemos entender que é inevitável o crescimento dos problemas com o crescimento da igreja. O que devemos saber é que servimos um Deus que dá a devida capacitação de acordo com a necessidade do momento.
A Igreja tem que crescer em quantidade, mas também em qualidade. É aí onde estamos pecando. A qualidade do ensino e do serviço tem caído gradualmente no meio da igreja. Estamos saindo a pregar o evangelho, mas estamos descuidando de formar discípulos para Cristo (Mateus 28.19). Formar discípulos é acompanhar o novo convertido com ensinamentos da Palavra de Deus até que o caráter de Cristo seja formado no seu coração e ele possa estar pronto para sair a ganhar outros para Cristo. Isso foi o que Jesus fez com os doze apostoles. Fazer discípulos é fazer um transplante de coração, colocar o coração de Cristo no lugar do coração do homem.
As palavras de Jesus Cristo continuam ecoando: “os trabalhadores são poucos e a seara é grande”.  Jesus não mandou contratar trabalhadores, mas disse: “rogai ao Senhor da seara que envie obreiros para sua seara”. A igreja necessita aprender, ou melhor, reaprender o caminho da oração para o surgimento de novos líderes. Montamos nossa confiança nos teologicamente, secularmente, profissionalmente preparados. Estamos como o profeta Samuel olhando para os filhos de Jessé, olhando para a aparência e se esquecendo do coração. Por isso, a cada ano temos centenas de consagrações e continuamos procurando trabalhadores para a seara do mestre.
Liderança Instável
Infelizmente a cada dia surgem líderes que veem na igreja uma oportunidade de “fazer-se na vida”, como uma oportunidade de estabilidade econômica. Uma tristeza para nosso Deus em saber que seus filhos não O buscam de maneira desinteressadamente. Líderes vendendo seus talentos não para engrandecer o Reino de Deus, mas para engrandecer a si mesmos. A motivação desses novos líderes é o próprio ventre, são inimigos da cruz de Cristo (Filipenses 3.18,19).
Mau Uso Dos Recursos Econômicos
O Brasil tem se fortalecido economicamente nesses últimos 20 anos e o povo de Deus foi muito abençoado financeiramente. As entradas nas igrejas se elevaram fortalecendo o tesouro da igreja para um investimento real no Reino de Deus. A bíblia é clara que a missão da igreja é propagar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo a todos os povos, tribos, línguas e nações. Deus respondeu as orações de milhares de fieis para que a igreja pudesse ter condições de executar seus projetos evangelísticos porque tudo o que pedimos a Deus crendo o receberemos (Mateus 21.22). No entanto, o que vimos foi uma igreja preocupada com seu status social e sua aparência externa e milhões de reais foram gastos para embelezar e agigantar templos, demonstrar poder e autoridade através de carros modernos e caros, enquanto que a aplicação na evangelização e missões não foi na mesma proporção. É bom deixar claro que não temos a visão que pastor é para andar de carro velho, roupa barata, casa desconfortável, não, nada disso, tudo tem que ser de acordo com a realidade da igreja que ele pastoreia. O trabalhador é digno do seu salario (Lucas 10.7). O que queremos enfatizar é que os irmãos foram abençoados financeiramente e não responderam ao Senhor na mesma proporção e os pastores que oraram por melhores dias não aplicaram com entendimento os recursos conseguidos. E vemos uma obra missionária focada não nos resultados espirituais de salvação, mas no retorno financeiro que esse “investimento” foi realizado. Cada dia se vê a secularização da igreja. Temos que andar sóbrios e vigilantes para não se deixar contaminar por esse fermento dos fariseus (1 Pedro 5.8).
Visão Distorcida
A visão da igreja tem sido distorcida ano após ano. A igreja bíblica foi chamada para sair a pregar o evangelho levando uma mensagem de salvação, libertação, cura, Batismo com o Espírito Santo e a volta de Jesus. Contudo, o que temos visto é uma igreja preocupada em estabelecer seu próprio reino na terra. As igrejas tradicionais e pentecostais combateram fortemente em décadas passadas as igrejas chamadas neopentecostais com suas doutrinas e atitudes e hoje o que vemos são essas mesmas igrejas adotando pouco a pouco a visão e se comportando de maneira semelhante às igrejas que antes combatiam, e hoje fazem isso porque lhes convém. É comum vermos nos nossos púlpitos mensagens de declaração, prosperidade, etc. e como está sendo pregado nos nossos púlpitos por pastores de nossa denominação, aceitamos com a maior naturalidade, sem questionamentos. Escutamos pastores dizerem: “Se não fizermos isso, o povo sai da igreja”. As palavras de Paulo devem estar sempre gritando no nosso ouvido: “Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito! Gálatas 1.8”. O nosso reino não é na terra, Temos um edifício construído nos céus (2 Coríntios 5.1).
Mau Uso da Tecnologia
Não podemos deixar de falar sobre o excesso de distrações existentes, celulares, tabletes, maquinas digitais, etc. O mau uso da tecnologia tem proporcionado à igreja um esfriamento nos cultos porque os membros, incluindo aqui os líderes, estão mais preocupados em postar nas redes sociais seus “selfies” que adorar a Deus e entrar nos santos dos santos com louvor e ações de graças. Em outro tempo quando um irmão era cheio do Espirito Santo, buscávamos entrar no mesmo clima de adoração para também ser cheios, hoje é mais interessante registrar esses momentos e depois, muitos e em muitos casos, ridicularizam os próprios irmãos pela maneira como se comportam. É comum vermos pastores em pleno culto nas redes sociais com seus celulares, esses mesmos pastores que outrora disciplinava, exortava, dizia que iam para o inferno com o comportamento desses na casa de Deus. Existe uma competição muito forte entre a pregação do evangelho e as distrações dentro e fora da igreja (Apocalipses 3.2,3).
ENTÃO, O QUE FAZER?
Que resposta podemos dar a toda essa problemática existente que tem levado a igreja de uma forma geral (lembrando que este artigo não é uma análise critica dirigida a uma igreja, mas a todas as igrejas) a mudar o seu comportamento influenciando diretamente no cumprimento do Ide do nosso mestre Jesus Cristo.
Apocalipses 2.4,5 deve ser um grito de alerta a todos os líderes da igreja. Se a liderança não despertar Deus levantará outra nação para cumprir a grande comissão. É tempo de trabalharmos com nossa liderança, capacitando-os dentro de uma visão bíblica sem preocupar-se com os modismos ou nas ultimas novidades do mês.
Aqui no Peru é muito comum a busca pela unidade da igreja, porém uma unidade sem critério, sem princípios, sem fundamentos. Não devemos confundir unidade da igreja com ecumenismo evangélico, e o que é isso? É quando as igrejas em nome da unidade se reúnem com todos aqueles que se dizem evangélicos independentemente da sua linha teológica ou doutrinária, de maneira que aqui na nossa fraternidade de pastores, onde sou presidente, assistem igrejas pentecostais, tradicionais e neopentecostais, trazendo para dentro da fraternidade, apostoles, profetas, bispos, pastoras, etc. Por este motivo, estamos lutando para que a fraternidade não entre nesse ecumenismo evangélico em nome da unidade da igreja.
Devemos focar nas almas, o resultado econômico vem por consequência (Mateus 6.33).
Temos que mudar o caráter da liderança para que seja centrada na submissão e oração a Deus. Deixar de copiar o mundo e suas estratégias. O modelo administrativo secular é eficaz, mas para as empresas. O padrão administrativo da igreja continua sendo o ensinado na palavra de Deus. A liderança necessita aprender a fidelidade, submissão e compromisso, requisitos básicos para um bom líder. Não necessitamos de pastores estrelas, pastores televisivos ou pastores que ostentam prosperidade. A igreja espera do seu pastor, santidade, humildade, amizade, companheirismo, qualidades de profeta e de sacerdote. Profeta para falar as verdades de Deus ao povo e sacerdotes para interceder pelo povo a Deus.
Os recursos econômicos da igreja devem ser focados para ganhar almas. De acordo com a necessidade é necessário ter grandes templos para congregar o povo de Deus, mas o foco da igreja continua sendo as vidas que não conhecem a Jesus. Não necessitamos investir mais em iluminação (jogos de luzes, etc.), a casa de Deus não é casa de eventos, continua sendo Casa de Oração. Não necessitamos investir mais em passeios de lazer para jovens, isso eles têm junto a seus pais ou por conta própria. Os jovens necessitam conhecer mais a Deus no caminho da oração e da palavra. Satanás tem semeado essa mentira no meio da igreja que se não fizer assim os jovens sairão. O mundo não precisa de uma distração a mais, o mundo quer algo novo, que preencha o vazio do seu interior e isso não se encontra em passeios, mas na presença de Deus.
Devemos investir mais na capacitação dos vocacionados para que tenhamos um exercito pronto para ser enviado ao campo de batalha. Como missionário digo que a necessidade de cooperadores é grande, mas faltam trabalhadores que deixem tudo por amor a Cristo (Lucas 14.33).
A igreja contemporânea não pode perder a visão de Cristo (2 Timóteo 2.4). O caminho da santidade, da oração, da devoção e da palavra não pode perder o seu espaço na casa de Deus nem na vida do povo. O veneno das falsas teologias, tais como: prosperidade, confissão positiva, batalha espiritual, tem levado o povo de Deus a perder a visão do céu. Segui a paz com todos e santificação, sem qual ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14). Não podemos deixar que nossas igrejas sejam invadidas por modismos, secularismos, etc. Muitos querem nos fazer parar ou retroceder, mas somos como Neemias, (Neemias 6.3), não temos tempo para dar ouvidos a quem está de fora dos planos de Deus.
A tecnologia é uma excelente ferramenta para a propagação do evangelho de Jesus Cristo, não podemos deixar de lado o uso dela por causa do mau uso que alguns fazem. As igrejas necessitam levantar grupos de jovens conhecedores da tecnologia (celular, computadores, paginas web, radio e tv web, facebook, whatsapp, etc) e desafia-los a projetar uma evangelização utilizando esses meios de comunicação. Não podemos colocar todos na rua para evangelizar de porta em porta quando eles têm outros talentos que podem ser melhores aproveitados. Devemos sair do status quo para que essa nova geração não perca a visão de Deus.
Não podemos esquecer que nesses últimos tempos o mundo usado por satanás está se protegendo e armando um cerco contra a igreja através de leis. A igreja precisa despertar ainda mais quanto a necessidade de termos representantes políticos verdadeiramente evangélicos e comprometidos com o Reino de Deus para que sejam uma voz dentro dos legislativos contra qualquer ato que atente a vida da igreja. Necessitamos no mundo atual de Josés, Danieis, Sadraques, Mesaques, Abede Negos, Neemias, para ser uma voz contra leis que visam interromper a caminhada da igreja.

Portanto, é tempo de agir, é tempo de buscar a Deus, é tempo de entender que está em nossas mãos a responsabilidade de dar continuidade ao que o nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo começou a fazer e nos ordenou a continuar fazendo a respeito do Reino de Deus. A mensagem é a mesma, O Cristo é o mesmo, apenas mudamos as ferramentas, antes Paulo usava o pergaminho para se comunicar com a igreja, hoje usamos o computador, mas o conteúdo tem que ser o mesmo.

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